sábado, 12 de março de 2016

O Circo está montado!

Foram anos de interregno, com o mote adormecido, mas está chegado o momento de retomar o prometido. O que está em causa não é a escrita, ou qualquer outra especificidade, mas sim o próprio "modus operandi" que tem andado muito esquecido.
Não vou procurar desculpas, ou querer mudar seja o que for, exceto a forma de encarar cada dia, para que cada dia não seja apenas mais um dia, mas seja sempre um dia mais, com qualidade na vida!
Tenho sido um malabarista, daqueles que mantêm muitos pratos no ar, e conseguem manter todos a rodar, até que um (apenas um) cai no chão. É aí que se desencadeia o efeito catadupa (ou será borboleta?)! Com tudo no ar nada acontece, ignora-se o esforço do artista, mas após cair o primeiro prato, outros começam a cair, a desconcentração aumenta, e deixa de fazer sentido o esforço. O número de circo está perdido, estragado... Já ninguém se vai lembrar do brilhantismo de um só homem conseguir manter dezenas ou mesmo centenas de pratos a rodar. E todos, sem exceção, lhe apontarão a falha, esquecendo o feito artístico!
Quantos entre os críticos serão capazes de tal feito? Será que algum? Apenas um? O que importa isso... São críticos de bancada, o que há mais para aí!
Felizmente não cheguei a esse ponto. E também não quero chegar... Enquanto o circo durar, os pratos vão ter que rodar. Mas há muitos fatores perturbadores. A tenda está a arder, todos os artistas e animais estão no palco, e qualquer um pode impedir a rotatividade dos pratos. Há animais à solta sem qualquer controlo ou supervisão, leões que fazem barulho para se afirmarem como reis da “selva”, cães que ladram e cães que mordem sem largar o osso, elefantes pachorrentos que se passeiam em palco, cavalos que dão coices, ratinhos que passam despercebidos, etc. E há outros artistas, dos mais aos menos habilidosos. Há acrobatas e trapezistas que saltam de poiso em poiso sem nunca se fixarem, contorcionistas que se torcem todos para mostrar talento, ginastas de várias espécies, atiradores de facas e domadores de feras, outros malabaristas de engenhos díspares… E há palhaços!
Quando se pensa em palhaços pensa-se no típico palhaço, divertido, trapalhão, de cores garridas, que tenta ridicularizar os outros, mas é inofensivo. No fundo é apenas um artista, cuja arte é divertir os outros. Mas no circo há sempre outro tipo de palhaço, figura normalmente singular, conhecida como o “palhaço rico”. Não tenho nada contra essa personagem, mal de mim pensar tal coisa, mas já pensaram bem qual a sua arte? Ou muito me engano ou não é do mesmo tipo das restantes… É verdade que se veste de forma diferente dos demais, mas tirando isso não apresenta um número seu. Entra em palco com os restantes palhaços, e limita-se a criticar! Pode dizer-se que está lá para orientar o número, dar o sinal para as palmas, mas será mesmo necessário? Se o número for bom o público aplaude com espontaneidade, se não for, será sempre forçado. Se é só para a crítica, está a mais no circo, mas coitado, possivelmente não tinha jeito para mais nada, e assim sempre diz que atua no circo. Mas sendo um coitado, não atua como tal, bem pelo contrário, é altivo e superior, coloca-se acima dos outros (palhaços), e parece até respeitado. Mas porquê, se é um coitado? Alguém que não foi bafejado, e só tem papel no circo porque é um palhaço rico…
Quanto a mim, que já vos disse, bem no meio da confusão, continuo de pratos no ar, sem que parem de rodar! Mas vou virar-me para a ilusão, a ver se tenho menos chatice. O mundo do ilusionismo é dos mais nobres de ver, desde que feito com brilhantismo e sem o público perceber…


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Façam como eu digo!!!

E não como eu faço... Esta história não é nova, aliás, confunde-se com a própria história da humanidade. Desde sempre que os Homens aconselham os seus semelhantes nisto ou naquilo, para fazerem algo desta ou daquela maneira. Sempre houve oradores (ou escritores) e os respectivos seguidores ou, no mínimo, críticos de poleiro, que apenas sabem dar palpites e criticar o próximo, mas jamais conseguem produzir uma ideia original que se aproveite... Hoje em dia isto é demais evidente, a uma escala mundial, em que as ditas democracias ocidentais querem levar o mundo a agir à sua imagem. Não que seja uma novidade, também neste aspecto a história já nos presenteou com variadíssimas situações distintas e exemplares desta realidade. Mas julgo que não me engano ao dizer, que na maioria das situações (para não exagerar e dizer em todas), não podemos olhar muito para o que fazem aqueles que nos dizem o quê e como devemos fazer, pois quando analisados em pormenor, são desmascarados e contradizem tudo o que fazem os outros acreditar.
O problema com esta verdade, é ser pura, de tão verdadeira que é, pois atinge tanto a grande escala como no mais ínfimo dos pormenores. É tão verdade para um simples blog que apregoa a qualidade de vida como forma de felicidade espiritual, como para um país (ou organização de países unidos) que quer pacificar o mundo por meio da guerra e tortura os seus semelhantes por acreditar nos direitos humanos e igualdade entre os Homens...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Cuidado com as indirectas!

Esta poderia ser uma banal sinalização a alertar para o facto de não ser permitida a permanência de cães num determinado local. E seria isso mesmo, se o local não fosse um restaurante de Lisboa, por sinal de origem asiática, mais concretamente do país com uma conhecida muralha. Na verdade, poderia até pensar-se que esta mensagem se trata de pura difamação, e que o facto de os canis municipais verem reduzido o seu trabalho nas redondezas de estabelecimentos do género é pura coincidência (das grandes)! Mas, por detrás do óbvio, há sempre as entrelinhas… Estando o sinal colocado à saída do restaurante e com o dito animal sobreposto à sinalização de proibição, atrevo-me a ler uma alternativa à mensagem directa: “daqui os cães não saem”!!!

sábado, 10 de novembro de 2007

A Sapiência dos Ignorantes!

É engraçado como por vezes questionamos tudo com que nos deparamos, pedimos provas e explicações, e noutras situações limitamo-nos a assimilar o que nos dizem de pequeninos, aceitando as coisas como facto consumado, sem que nunca nos tenhamos interrogado sobre a sua origem ou história. É engraçado o pensamento das pessoas ditas “mais evoluídas” ou “mais cultas”, apenas porque têm mais estudos ou mesmo educação (muitas vezes os estudos e a educação diferem largamente), face ao dos que não tiveram um bafejo de sorte na vida, ou simplesmente não o souberam aproveitar e que, não tendo o conhecimento devido, seguem a sua própria lógica ou raciocínio.
Deixando-me de devaneios e concretizando a situação, deparei-me esta semana com uma folha de registo de limpezas de uma casa de banho, daquelas que normalmente estão junto à porta e indicam, para um dado período temporal (neste caso, um mês), a data, hora e nome da funcionária do serviço de limpezas que passou pelo local. Tipicamente faço aquilo que a maioria fará, nem reparo no dito papel. Mas desta vez, por mero acaso do destino ou outra razão qualquer, calhou a passar os olhos e reparar num pequeno pormenor, sem a mínima importância, mas que me levou a reflectir um pouco sobre o assunto. Estando nós no mês de Novembro e sendo o referido papel respeitante ao mês corrente, alguém, certamente a funcionária que habitualmente limpa a casa de banho, cujo perfil poderá encaixar perfeitamente no descrito anteriormente, preencheu o espaço destinado à indicação do mês de registo com o número 9 (nove)! Será que a senhora anda dois meses atrasada, ou simplesmente, não sendo uma pessoa letrada, preencheu com aquilo que a sua lógica (que merece todo o respeito, ainda mais neste caso) lhe indicou como sendo o mais correcto? Se virmos bem, por que motivo terão os nomes dos meses do ano prefixos que são números distintos do número ordinal correspondente ao próprio mês? Os meses de Setembro, Novembro e Dezembro têm como prefixos os números Sete, Nove e Dez, e o mês de Outubro (October em inglês), tem como prefixo Octo, que significa Oito!
Como ignorante é aquele que não quer aprender, resolvi investigar um pouco a questão (a net faz maravilhas) e descobri aquilo que muito provavelmente já tinha aprendido, mas quando era uma criança de dez anos, e como já muitos tentaram provar, nem todo o conhecimento prevalece com a idade. A questão é simples! Actualmente, no mundo ocidental (desde o século XVI), regemo-nos pelo calendário gregoriano (promulgado pelo Papa Gregório XIII), composto por doze meses. Este calendário é baseado no calendário juliano, instituído por Júlio César (que por sua vez teve como origem o calendário romano) e que surgiu precisamente para impor um pouco de ordem no calendário, uma vez que o calendário romano mudou a sua forma diversas vezes, tendo começado como um calendário lunar, de apenas dez meses (de Março a Dezembro), tal como já haviam feito os Gregos do tempo antigo. Tendo o nome de alguns meses sido substituído ao longo dos tempos por nomes de deuses ou imperadores romanos, os últimos quatro meses do ano prevaleceram até aos nossos dias na sua forma original, sendo que, Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro significam, respectivamente, o sétimo, oitavo, nono e décimo meses. Não teria sido melhor mudar o nome a todos? Afinal a senhora da limpeza não é sapo, é sapiens!
Resta-me a curiosidade de aguardar por Dezembro e verificar se o novo papel aparece preenchido com o mês 10 (dez)…

domingo, 4 de novembro de 2007

Regresso ao Futuro 4…

Meses depois! Pois é, passaram quase quatro meses desde a última mensagem, tempo suficiente para terem nascido mais quatro cabelos brancos no meu couro cabeludo. A pausa tem justificação simples! Passa o entusiasmo inicial, surge a primeira falta de tempo, depois vieram as férias, o hábito não estava enraizado, e o rol de desculpas aumenta exponencialmente. Na verdade, e apesar de a palavra “regresso” apontar para o passado, a expressão “Regresso ao Futuro” não é de todo descabida. Celebrizada pela trilogia do DeLorean, na sua primeira edição tinha um sentido directo, na medida em que, após uma viagem acidental ao passado, era imperativo regressar ao presente, que representava o futuro da acção no passado. Tendo em conta que a terceira edição partilhava com a primeira o sentido das viagens, apenas o segundo filme parecia apontar para um sentido oposto ao que na verdade indicava, pois regressar a um futuro no qual nunca haviam estado, podia parecer algo de estranho. O que acontece é que o futuro se baseia sempre no passado e, nessa medida, no futuro há sempre um regresso. Muitas vezes há mesmo um ciclo fechado, que faz com que se regresse sempre ao que já passou e que um dia voltará a passar, como por exemplo a moda, em que cada um faz a sua, e alguns seguem a dos outros, mas se baseia muitas vezes em algo que alguém desenterrou de um velho armário, ou num novo desenho que será sempre inspirado pelo passado do seu Criador! O futuro é feito por todos com base no que queremos que regresse do nosso passado…

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Por causa de uns, pagam os outros...

Momentos! Por muito tempo que se tenha, há sempre coisas que não conseguimos fazer por falta de tempo. Há momentos em que parece que o relógio está acelerado e anda mais depressa do que devia, que as horas fogem de modo a nunca serem apanhadas! Há momentos em que é necessário redobrar o esforço de trabalho, de modo a conseguir almejar o tão desejado e merecido descanso, e aí sim, tirar a barriga de misérias… É graças aos momentos intensificados, que mesmo fazendo algo que se gosta, acabam por se tornar numa pequena obrigação, que nos falta o tempo para o que não somos obrigados e fazemos com verdadeiro prazer. Mas também são os momentos de prazer que nos dão a força e ânimo para prosseguir nas alturas em que preferíamos estar noutro lado qualquer, e não estamos apenas porque temos de ter algum modo de pagar as contas no final do mês (há quem não precise, mas são uma minoria que depende de alguém que o faça). É por isso que as balanças (mais antigas) têm dois pratos, pois têm de ser balançadas e permitir compensações.
Tudo no Universo são compensações, como dois pólos, positivo e negativo, norte e sul, etc, também na vida elas existem, a sorte de uns será o azar de outros, a fortuna de uns leva à miséria de tantos, para uns descansarem outros trabalham… E haverá sempre quem saiba aproveitar melhor que os outros as diversas situações. A vida não é justa, ou será? Não me parece, mas não vale a pena lamentar-nos por isso, senão ficamos na mesma. E entre o justo que paga e o pecador que leva de borla, quem fica a perder? Eu prefiro dormir descansado…

terça-feira, 3 de julho de 2007

Ensaio sobre a escrita.

E se de repente todos decidissem começar a escrever… Este podia ser o mote para mais um romance de Saramago! Mas não, é apenas uma constatação. Ou talvez uma daquelas coincidências sentidas pelas grávidas, que lhes parece que nunca viram tantas mulheres grávidas à sua volta, ou por qualquer outra pessoa que tem alguma novidade em si, e de repente começa a reparar na quantidade de pessoas à sua volta que partilham o mesmo tipo de característica… Não porque seja novidade para essas pessoas, apenas porque nunca havia sido reparado ou dada a importância devida!
Pois comigo aconteceu exactamente isso, no meu caso não se trata de gravidez, apesar de ter sentido o fenómeno já por duas vezes, embora por interposta pessoa. É mais pelo sentido da novidade, pois decidi começar a escrever qualquer coisa (já falei sobre o assunto)! Na realidade, quanto mais vou partilhando esta minha novidade, apenas para um grupo restrito de pessoas, mais me vou apercebendo da quantidade de pessoas à minha volta que tem um fraquinho pela escrita, mas que tem tudo guardado numa gaveta a sete chaves (o número de chaves não tem de ser sete, mas o dito popular é assim, não serei eu a contradizê-lo). Desde contos infantis a poesia, há de tudo para partilhar, sendo que nalguns casos a faceta até era desconhecida dos próprios irmãos!
Se calhar comecei da maneira errada, não tinha nada guardado, escrevia uma coisa ou outra, dizia outras tantas, mas era tudo ocasional, nunca ficou nada registado para a prosperidade. Agora que decidi escrever, vai directamente para um blog, de modo a não poder arrepender-me! Se ao menos servir para ir descobrindo o bom material que andava escondido por essas gavetas fora, já tenho um ponto positivo…